1 - Amar, com devoção, a Olodumaré (Deus) e ao Orìsà Egungun.
O verdadeiro Sacerdote ama a Deus como seu criador e Vê nos ÒrÌsàs e Egungun os seus representantes. Na concepção filosófica de nossa religião, o Criador está tão distante de nosso plano de existência que, por nossas próprias limitações, seria inútil desenvolver um culto direcionado a Ele. Desta forma, é através dos ÒrÌsàs e Egungun, seus representantes junto a nós, que podemos cultuá-lo de forma indireta, obtendo assim a sua proteção e demonstrando o nosso amor por ele.
2 - Propagar o nome de Orunmilá, Egungun e Òrìsà.
Orunmilá é a representação individualizada da Sabedoria Divina contida em cada um de nós; Òrìsàs são os enviados de Olodumaré, participaram da criação do mundo e possuem culto próprio em engrandecimento ao Criador; Egungun é um Ebórà que possui um culto específico e restrito dentro do panteão yorubá, é a forma divinizada de nossos antepassados, os Òrìsàs e Sacerdotes ilustres dentro deste contexto, lembrando que os Òrìsàs foram os primeiros sacerdotes do culto no Aye. Portanto, propagar esta visão representa a missão mais importante de todo corpo sacerdotal.
3 - Saber ver, em cada coisa e em cada ser, uma manisfestação do Criador.
Tudo que existe no universo são diferentes manisfestações da Divindade Suprema. Olodumaré se faz conhecer através da natureza e, por esse motivo, o Sacerdote a respeita em todo seu aspectos. Os seres humanos são a manisfestação por excelência da Divindade que se faz presente em cada um de nós, divididas em miríades de partículas que, através da união dos homens, buscam a Unidade Divina e sua plena manifestação no mundo material.
4 - Respeitar as Leis Divinas e as leis dos homens.
A observância da lei é obrigação de todo Sacerdote. As Leis de Deus vem gravadas em nossos corações desde o nosso nascimento e nenhuma pessoa de bons princípios admite roubar, matar e atentar de qualquer forma contra estas leis que nos são legaos institivamente. As leis dos homens buscam apenas regulamentar e decodificar as Lei de Olodumaré.
5 - Respeitar a todos os seres humanos indiscriminadamente.
Deus está presente em todos os seres humanos em sua partícula denominada IPORÍ. Quando respeitamos e amamos o próximo estamos amando também Olodumaré, como ensinaram os grandes Avatares de todas as religiões. O amor pressupõe, antes de tudo, respeito profundo.
6 - Ser honesto.
A honestidade é a condição primordial de todo Sacerdote. O homem desonesto é indigno de confiança e por consequência deve ser apartado do convívio da sociedade. Cobrar por serviços prestados é um direito de todos, mas, devemos ter sempre em mente o princípio da razoabilidade, não se vende aquilo que não se pode entregar.
7 - Ser sábio.
A sabedoria é adquirida na observância e análise de tudo o que existe, ocorre e pode ser imaginado e pesquisado. O sábio não precisa, necessariamente, ser um letrado, mas será sempre um intelectual. Por mais paradoxal que pareça, nem todo intelectual é sábio e mesmo um analfabeto pode ser considerado sábio e, por extensão, intelectual.
Ser sábio é ter o dom de aprofundar-se na relação de causa-efeito de tudo que ocorre. O saber desprovido de sabedoria é como uma arma que pode se virar contra seu dono.
A lógica será sempre o martelo e o ponteiro do sábio, instrumentos estes que irá auxiliar na busca do verdadeiro problema que aflige o ser, interpretando aquilo que se configura implicitamente, mascarado aos olhos de um ser profano.
Os Itans de Ifá são portadores de orientações codificadas que somente os sábios podem compreender e explicar.
8 - Ser receptivo aos ensinamentos.
A ciência de Ifá é a ciência da vida. Revela os mistérios mais intricados e ocultos da existência cósmica em todos os seus planos. Conhecê-la é conhecer os mistérios da vida e da morte. Dominá-la é dominar os arcanos da sabedoria. O Sacerdote deve ter seu intelecto desenvolvido o suficiente para absorver e registrar tudo o que a ela diz respeito.
A compreensão dos mistérios e a interpretação de suas alegorias são indispensáveis para que o Sacerdote assuma toda a sua potencialidade.
9 - Ser isento de preconceito de qualquer espécie.
O preconceito, por qualquer forma que manifeste, é um elemento desagregador.
A função do Sacerdote é reunir, em torno de Orunmilá, Òrìsàs e Egungun, todos os seres humanos, independente de credo, nacionalidade, raça e condição social. Agir de forma preconceituosa resulta sempre na obstaculização do objetivo final: a união de todos.
10 - Saber ser seletivo sem melindrar.
Saber selecionar as pessoas que fazem parte de seu convívio é uma obrigação de todo Sacerdote.
A promiscuidade no relacionamento será sempre nociva ao bom desempenho de suas funções sacerdotais e deve-se ter em mente que uma laranja podre contamina e apodrece todas as outras dentro do cesto.
11 - Possuir moral ilibada.
A moral do Sacerdote deve ser limpa e exemplar. Não é digno de crédito, nem poode liderar um grupo religioso, o homem que se entrega aos vícios, que se deixa dominar pela preguiça, que explora e abusa do próximo ou pratica atos que o coloquem à margem da lei dos homens.
12 - Falar somente a verdade e lutar por ela.
Para um Sacerdote a verdade estará sempre acima de qualquer coisa.
" Falar a verdade, somente a verdade", é que ordena um itan de Ifá do Odú OsáTurà. Verdade é a palavra de Orunmilá atuando sobre a terra.
13 -Conduzir-se com retidão em todos os setores da vida.
O caminho reto é o caminho do bem. O caminho do bem é o caminho do verdadeiro Sacerdote. Aquele que se desvia do caminho tende a se perder em sendas que podem, de forma ilusória, parecer fáceis de serem trilhadas, mas que, com o decorrer do tempo, configuram-se como tortuosas e turbulentas, causando um caminho paradoxal que poderá ser irremediável e irreparável para evolução espiritual do desviado.
14 - Saber guardar segredo daquilo que é segredo.
O segredo é revelado ao iniciado e somente ele pode conhecê-lo, revelar esses segredos corresponde a sacrilégio e quebra de tabu. Mas nem tudo é segredo, nem tudo pode ser oculto do vulgo. Ao contrário, muitas coisas devem ser reveladas ao não iniciado, para melhor compreensão da nossa religião e também como artefato de defesa contra a ação dos falsos sacerdotes.
15 - Saber manter a calma, o equilíbrio e a paciência.
O Sacerdote não pode, em nenhuma circunstância, perder a calma, o equilíbrio, a paciência e o controle sobre si ou sobre qualquer situação.
Ao lidar com os espíritos de diversas qualidades e hierarquias, poderá ser surpreendido por coisas assustadoras, ameaçadoras. Mesmo assim, deverá manter-se calmo e dominar a situação, pois uma ou mais vidas dependerá de suas atitudes. Lembre-se você poderá ser testado pelo mundo espiritual.
16 - Ser Homem no sentido total e mais amplo do termo.
Ser homem tem um significado muito mais profundo do que pode parecer numa observação apenas superficial.
Ser homem é possuir todas as qualidades esperadas num ser humano do sexo masculino, admitindo-se apenas pequenos defeitos que são inerentes à natureza humana.
Ser homem é saber respeitar a natureza como um todo e cada ser humano em particular.
Ser homem é saber respeitar a mulher como representante do poder de pocriar que garante a perpetuação da espécie humana e reconhecer, na sua aparente fragilidade, a força de que é portadora, em tudo superior ao sexo masculino.